terça-feira, 27 de julho de 2021

ACEITAÇÃO DO CORPO MADURO

                                            


Oi queridos leitores. Como vocês já devem ter percebido minha causa é a aceitação da mulher madura no mundo da moda, pois sou modelo. 

Mas, essa bandeira não se restringe somente a moda. Ela se estende por todas as áreas da nossa vida e começa com nossa aceitação. 

Essa aceitação passa pelo nosso corpo, passa por nossa personalidade, passa pelo auto conhecimento.

Há uma imagem de beleza feminina impressa em nossas mentes onde a mulher é esguia, magra, não tem celulite nem gordurinhas acumuladas.

Bem, isso não corresponde a realidade que vemos nas ruas por todo mundo. Principalmente as mulheres maduras, em sua maioria, não correspondem a esse padrão e, junta-se a isso, as marcas da idade como, flacidez, rugas, etc.

As mulheres maduras vem fazendo muito barulho, pressionando o mercado para se verem representadas nas campanhas de beleza e moda.

Bom sinal para todas nós, que vamos aos poucos nos libertando dessas amarras e nos vendo com olhos de aceitação e gratidão aos nossos corpos.

Somos pioneiras nessa abertura e, por isso mesmo, corajosas. 

A beleza não tem idade, ela se apresenta em todas as idades. A sensualidade feminina não tem idade, ela vem de dentro, do amor que se tem ao corpo, da aceitação, do se achar linda do jeito que é.

Eu amo Lingerie . Acho muito sensual e super feminino. Uso todas as ferramentas que conheço para me sentir cada vez mais feminina. 

Porque, ao contrário do que possam pensar, o feminino é poderoso como a água.



segunda-feira, 28 de junho de 2021

THE BOLD TYPE - O TIPO FORTE


 

The Bold Type é uma série da Netflix leve mas que tem personagens femininos muito atuais que vivem problemas relacionados ao trabalho, sexualidade, dinheiro, romance, filhos, etc. 

Amei ver os figurinos com sua simbologia de poder feminino. Amei ver Nova York, cidade onde a série foi gravada, em todas as estações do ano.

Mas o foco da série , para mim , foi o direito da mulher escolher sua carreira à família ou ao amor. Direito esse que a sociedade dá somente aos homens. Acho isso uma questão essencial às novas gerações de  mulheres e fico muito feliz que isso esteja sendo abordado por lá.

Aqui acho que temos muitos anos ainda com gerações de mulheres que perseguem um relacionamento como fonte de segurança econômica, emocional, como parte de sua aceitação pela sociedade e, o pior, por ela mesma.

Digo isso por mim, que fiquei positivamente chocada e colada na série por causa dessa temática que foi abordada de uma forma enfática.

Vivi toda a minha vida envolvida em algum relacionamento conjugal. Até meus 40 anos nunca havia ficado sozinha, sem um relacionamento com um homem, desde que comecei a namorar, com 13 anos.

Minha vida profissional sempre esteve em segundo plano. Meu verdadeiro ideal de trabalho foi deixado de lado por imposição da família.

Após terminar meu casamento, resolvi ficar sozinha, embora soubesse o quanto isso seria doloroso, porque ficar sem um homem ao meu lado, em minha cabeça , significava ter menos valor, ser rejeitada, não ser amada, etc. Muitas mulheres vão saber o que é isso!

Descobri que me relacionava com os homens pelos motivos errados - os que eu mencionei acima. Eram crenças errôneas que me faziam ficar nas relações mesmo quando elas eram ruins. 

Imbuída de coragem, terminei meu casamento e mergulhei num processo de descoberta, de conhecimento de mim mesma. 

No começo foi muito difícil e eu cheguei a adoecer. Mas depois foi muito prazeroso e, não me esqueço um dia, em minha casa, sozinha, o sentimento de felicidade que me invadiu. Havia conseguido me sentir feliz com minha vida, mesmo sem  um parceiro.

Hoje,17 anos após, eu me vejo nessa paixão por minha realização profissional. Continuo sem um relacionamento, apesar de desejar um. Mas sinto que meu foco é a profissão e, se eu tivesse que escolher, hoje escolheria minha realização profissional. 

Tenho 57 anos e estou começando uma nova carreira. Sou modelo fotográfico. |O prazer que eu sinto em fotografar e, algumas vezes desfilar, é um prazer da alma. É uma realização da alma finalmente dizendo o que veio fazer aqui. 

Por isso mexeu tanto comigo ver mulheres optando por sua carreira e deixando para trás um amor apesar do sofrimento da separação.

Essa série vai fundo nessas questões. Mostra o quanto isso é difícil porque os homens não esperam isso de nós. Ao contrário, esperam que suas vidas e escolhas valham mais do que as nossas, esperam que deixemos para trás nossas ambições profissionais no caso de um dos dois ter que optar. 

Confesso que para mim, com 57 anos, latina, vivendo num país extremamente machista, isso não me passava pela cabeça. Fui criada ouvindo que a instituição do casamento era sagrada e, por ela, deveríamos abrir mão de qualquer coisa. E não é assim até hoje?

Se você conhece uma mulher que larga seu marido por causa de sua carreira, UAU! Jura que você não vai julgar? Difícil não é?

E se ele quiser filhos e ela não quiser, justamente por que quer se dedicar à sua carreira? Nossa !!! Provavelmente você a puniria em seu pensamento!

 Você sabia que salto alto é símbolo de poder feminino?

Não perca!! Elas usam cada salto!!!


domingo, 20 de junho de 2021

MOVIMENTO ¨50 OVER 50¨




 Não tenho aparecido muito por aqui. Aliás, há meses que não apareço!!! 

Resolvi escrever no blog como uma forma de dar mais voz as minhas postagens do Instagram. Ele é uma ótima ferramenta de trabalho e consigo parcerias interessantes, consigo trabalhos e contatos através dele. 

Mas , há  a limitação do conteúdo, que deve ser suscinto, ninguém quer textão no Instagram!!!

Então, vamos lá!!! Textão ou não. Só Deus sabe o que vai sair aqui... nem eu sei o que quero escrever!!!

Talvez seja melhor esquecer esses meses em que fiquei out e começar a falar sobre este fim de semana atípico para mim , em termos de trabalho.

Ser modelo é uma profissão muito competitiva para qualqeur idade, gênero ou tipo físico. Mas, aos 57 anos eu percebo que é mais difícil ainda. 

Essa faixa etária no mercado da moda está despontnado. Há muito caminho a ser desbravado ainda. Me sinto uma Bandeirante abrindo, à força, um caminho de oportunidades .  Nesta idade muitas pessoas querem continuar trabalhando ou simplesmente querem mudar de trabalho, fazer outra coisa!! Ótimo, sou super a favor. Eu fiz isso!!!

Modelos vendem um conceito, marca ou produto. 

Com a mudança mundial que está havendo no comportamento das pessoas maduras, com a expectativa de vida cada vez maior, com  a medicina e a ciência que propiciam uma maturidade saudável, esse público quer se ver representado!!!

Então, mãos à obra, modelos, agências , marcas, etc. Há muito a ser feito para mudar um paradigma do mercado: pessoas maduras não vendem

Nada mais desatualizado do que essa crença que persiste no mercado da moda, beleza e bem estar.

A faixa etária acima de 50 anos está livre para consumir. Já criou os filhos, muito provavelmente sua vida profissional está estabilizada e ganha bem. Querem aproveitar os frutos de seu trabalho com uma vida atuante, sem pressão, relaxante e, por incrível que pareça, o mercado não se dá conta disso.

Olha aí o terreno a ser desbravado! Nada mais difícil do que mudar crenças! Mesmo quando , na mudança, há a possibilidade de ganho financeiro.

Faço parte deste time de pessoas engajadas nesse trabalho de transformar a forma como o mercado encara o público maduro.

Amo modelar e represento muito bem a mulher moderna, atuante, participativa, consumidora, aberta que está por ai nas ruas, nas empresas, nos bares, nos motéis. Represento a mulher que não se distancia muito mais das mulheres na faixa etária dos 30, a não ser pelas marcas no corpo e na pele. 

O que está acontecendo no mundo que as pessoas estão mais preservadas fisicamente? Não sei!! Mas isso é bom! Fazer parte desse momento é muito bom!!

Há algumas semanas duas revistas de peso, a Veja e a Forbes, publicaram matérias sobre a geração de mulheres acima de 50 anos. Vale muito á pena ler as matérias. A Forbes lançou o movimento ¨50 over 50 ¨ e trouxe na matérias com mulheres acima de 50 anos que estão no auge de suas carreiras ou ,então, estão mudando de profissão com enorme êxito.

Sou uma dessas! Mudei tudo aos 56 anos. Estou apenas ha um ano na carreira de modelo. Já percebi que o trabalho é grande, mas há muito , muito espeço para o crescimento.

Além das funções referentes à profissão de modelo, minha guinada na vida serve de exemplo a muitas outras pessoas que podem estar querendo fazer a transformação nas suas vidas, mas podem estar achando que não irão conseguir.

Esse final de semana eu trabalhei com duas coisas que são minha paixão, interpretar e desfilar.

Sempre levei muito jeito para interpretar e, como presente do Universo, começa a aparecer trabalho para representar. Que bom para o meu cérebro ter que se enquadras em algo totalmente fora dos seus hábitos. Novas conecções neurais, saúde para meu cérebro!

A passarela é uma paixão antiga, muito antiga. Hoje fiz uma aula com um professor , que é mais que professor, é  um Mago. Ele disse que algo acontece com ele antes de entrar na passarela, como se ele se afastasse para deixar uma outra personalidade tomar seu corpo e desfilar. Tão lindo!

Acho que é isso mesmo que acontece com os artistas. Uma energia poderosa te toma e é melhor você se entregar e deixar ela agir. 

É a alma que pode, finalmente, encarnar por completo, dizendo a que veio. 

#ageless

@modelo_yaracampos78


sábado, 2 de janeiro de 2021

#AGELESS #SEMIDADE


 O sentido de Ageless, tão na moda hoje em dia, para mim ultrapassa a forma de se vestir, o corte e altura do cabelo, as rotinas diárias, os tratamentos antienvelhecimento, etc

Ageless, para mim, é um estado de ser interno. É algo espiritual. Há pessoas que, mesmo bem jovens, tem o espírito velho, a mente cansada. Estão sempre desesperançadas sem interagir com o mundo. O universo de uma pessoa assim é muito pequeno e sem vida. 

E como tem gente assim,  gente bem jovem!!

As redes sociais, são ótimas para conectar pessoas, a internet é ótima para nos abrir para o mundo, mas parece que quando as coisas surgem, primeiro há uma radicalização, uma polarização, para depois chegar-se ao equilíbrio.

Tenho certeza que chegaremos a este equilíbrio, pois nossa saúde mental depende disso. Somos seres sociais, precisamos uns dos outros, do toque, da presença.

Voltando ao sentido de ageless como um estado interno, acho que tem tudo a ver com esperança e sonhos. Pessoas movidas por isso são atemporais e sem idade, literalmente.

Essas características podem ser adquiridas de boa vontade ou por força de condições da vida. Tipo, a realidade está aí , aceitar é a melhor opção, mesmo que seja bem ruim. Isso não quer dizer inação, não fazer nada para melhorar. Mas, antes de tudo, é uma atitude inteligente que minimiza o sofrimento.

Ter esperanças e sonhar é fator imprescindível para ter o espírito jovem, apesar de qualquer coisa. Essas pessoas são ageless. Sem idade. 

Sem idade porque estão abertas a mudanças, que é a maior característica da vida. Há mudanças em tudo, o tempo todo. Vida é movimento. Resistir a isso é sofrer, sem sombra de dúvidas!

Já pensou em mudar tudo porque o que você faz não te traz mais alegria, prazer? Precisa ser Ageless para isso, apesar da idade, seja ela qual for.

Fiz isso aos 40 anos. Larguei uma profissão estável onde ganhava bem, mas estava infeliz, deprimida. Não é fácil e exige planejamento. Mas é possível. Muitas pessoas fazem isso e, as vezes, de forma bem radical.

O estado interno de Ageless permite a uma pessoa de 40 anos mudar toda a vida, buscando realizações internas, sabendo que é preciso dar valor ao tempo de vida aqui nesse planeta. A vida acaba rápido e é muito preciosa para ser vivida de forma infeliz.

Os recomeços são Ageless! Quando recomeçamos, em qualquer área somos inundados de entusiasmo, somos preenchidos pela força natural da vida e nos sentimos poderosos. É uma conquista e tanto!

Se uma pessoa é capaz, todas são capazes. 

Costumo dizer que minha mente, meu espírito, tem no máximo 25 anos. E assim vou eu pela vida, mudando tudo de tempos em tempos, me lançando no desconhecido e deixando a vida me surpreender.

Dá medo? Claro que dá! Mas não tem outro jeito de viver uma vida rica de experiências internas, de crescimento. Imagina que a vida é um rio e você está sentado na margem desse rio, assistindo o fluir da água. Você está fora do rio, não participa, não deixa o rio de envolver e te levar. De qualquer forma você não sabe para onde vai o rio, não há como saber. 

De tempos em tempos, um vendaval te lança para dentro e você cai nas águas, em desespero, querendo se agarrar a qualquer coisa para voltar a ¨segurança¨ da margem do rio. 

Melhor largar a mão do controle e entrar no fluxo da vida.

Ser Ageless é ter sonhos, esperança, determinação e fé!








domingo, 27 de dezembro de 2020

MODELO AOS 56 ANOS

                                                       

Oi pessoas maduras! 

Sou Yara Campos e tenho uma longa história, como todos nós maduros... Agora o certo seria dizer à vocês a minha profissão. 😀

Tenho várias. Vamos lá, serei breve, já que quero chegar logo aos dias atuais, que é o verdadeiro motivo de eu estar aqui.

Sou graduada em enfermagem pela Universidade Gama Filho, em seus áureos tempos, aqui no RJ.

Sou professora de Yoga, formada pela Ananda Marga. Uma instituição indiana de yoga e meditação.

Sou modelo, profissão atual! Pelo menos assim espero e por isso estou trabalhando.

Mas, tem uma forma mais legal de contar essa minha história. E assim vou te levar pelos caminhos da minha vida profissional.

Sou Yara, uma menina de 7 anos de idade que adora desfilar nas passarelas dos concursos de beleza do colégio em que estuda. Eu adoro ser vista e admirada. Adoro os olhares e ser o centro das atenções. Quando estou em cima da passarela a sensação é de uma alegria enorme, de poder e, a Yara de hoje pode explicar melhor... são os neurotransmissores !

Quando eu desfilo o mundo some; não tenho nenhum medo, tenho muita confiança e só existe no mundo, naquela hora, eu e as pessoas que me assistem. 

Também amei o palco quando representei Vida e Morte Severina, já mais velha, no Teatro do Colégio. Todos me disseram que eu representei muito bem e que deveria investir nesse caminho.

Claro que sim!!! E fui dar essa notícia à minha família, dizer que eu queria fazer artes e não medicina, como todo mundo esperava de mim. 

Eu não obtive o apoio, a permissão e guardei esse sonho dentro de mim. Enquanto cursava o segundo grau, passava algumas tardes na sala de casa, deitada no sofá  sonhando com uma apresentação ou um desfile em que eu era a protagonista. Achava que todos , com certeza, gostariam de ter uma vida assim. Só hoje, aos 57 anos, na minha terapia, eu descobri que esse não era um sonho de todos; era um sonho só meu.

 Acabei cursando enfermagem e foi bom. Exerci essa profissão por muitos anos. Tinha um trabalho bem específico na cirurgia cardíaca, Circulação Extracorpórea. Eu operava uma máquina que substituía o coração e o pulmão do paciente na hora da cirurgia. Era um trabalho de grande responsabilidade, no qual a vida do paciente ficava sob meu controle durante aquele tempo. Fiz bons amigos e bom dinheiro que me proporcionou viagens e uma vida material bem tranquila. Nesse período eu vivi uma relação amorosa que durou 12 anos!!! Foram muitas emoções...

Mas, por ser um trabalho bastante estressante, meu lado emocional não suportou... muitas vezes eu voltava do trabalho e ficava revendo, por horas, toda a cirurgia em busca de alguma possibilidade de erro da minha parte. O profissional da saúde, dependendo da área em que trabalha, não pode errar. Isso gera muita pressão interna e externa.

Percebi que algo estava muito errado quando não conseguia mais levantar da cama para ir trabalhar. Esgotamento! Insatisfação!

E, aos 40 anos, eu parei tudo. Parei de trabalhar. Fiquei dois anos sem trabalho. Nesse período eu fiquei bem mal porque estava acostumada com o trabalho pesado, quatro cirurgias todos os dias. De repente eu não tenho o que fazer. Me achava o pior dos seres... improdutiva.  A questão financeira não me incomodava tanto, pois tinha outra fonte de renda. Mas, o fato de estar profissionalmente perdida, dentre outras coisas, me deixou mentalmente doente. 

Uma coisa eu tinha como certa: não iria trabalhar em mais nada que não tivesse a ver com o que eu acreditava, com minha essência. Mas, não pensem que a carreira de modelo chegou agora... não... eu havia me esquecido completamente desse sonho, tão enterrado ele estava!

Eu já praticava Hata Yoga, o que me ajudava bastante na parte emocional. Durante o tempo que pratiquei yoga, fui mudando por dentro. Mudei valores de vida, mudei crenças, alimentação, objetivo, rumo, amigos, parceiro... ufa... mudei muito. Acho que isso também contribuiu para minha insatisfação com a enfermagem.. Parecia que eu não cabia mais ali naquele mundo.

Passei a olhar a saúde de forma preventiva, passei a olhar o ser humano de forma holística. Nada a ver com o ambiente hospitalar e as pessoas com quem me relacionava profissionalmente.

Após dois anos, resolvi fazer um curso de formação em Yoga. Maravilha!!! Era tudo o que eu queria e precisava. Me encontrei naquele ambiente. Tinha tudo a ver comigo. 

E, durante oito anos eu fui professora de yoga. Com a bagagem dos estudos da enfermagem, minhas aulas tinham, de minha parte, um cuidado com as patologias dos meus alunos na hora de praticar as posturas. Sempre achei que o yoga é para todos e,  por causa dos meus conhecimentos de anatomia humana, eu sempre tinha uma alternativa para as limitações das pessoas.

Foi muito bom! Conheci a filosofia, o aspecto devocional, a anatomia energética do corpo, enfim, adquiri muitos conhecimentos que me são muito úteis, para mim e tantas pessoas que quiserem praticar. Yoga é uma ferramenta completa. Mexe com o corpo e a mente, o sistema nervoso, a respiração, etc.

Vai me acompanhar pro resto da vida.

Mas, desta vez não fui eu que quis largar a profissão. A profissão veio me largando ao longo do ano de 2019. O número de alunos foi diminuindo gradativamente até chegar a 2020, na pandemia, quando resolvi dar aulas online. 


Em 2019 começou a chegar até mim vários artigos sobre modelos acima de 50 anos. Achei muito legal essa possibilidade para pessoas maduras. E o que aconteceu? Aquele sonho esquecido, abafado, enterrado, foi dando o ar de sua graça sem que eu percebesse, sem que eu me lembrasse da menina do começo desse texto. 

Mas eu tinha um problema sério a ser resolvido. Baixa alta estima, porque durante a adolescência eu sofri muito bulling visando a minha aparência física. Então eu me achava horrorosa e nada fotogênica. Foi o trabalho terapêutico que, aos poucos, foi mudando essa minha forma de me ver e foi trazendo à tona, um mulherão, como minha terapeuta diz, capaz de se olhar e se gostar.

Achei que o número escasso de alunos de yoga era um sinal da vida me dizendo que algo iria mudar, ou eu teria que mudar, qualquer coisa assim. Mas a mudança era certa. Eu só não sabia, mais uma vez, para onde ir.

Mas, não demorou muito para eu traçar um rumo, um norte. Resolvi enviar umas fotos para uma agência de modelos. Fui aceita. Fiz um book. Rápido assim!

Quando eu entrei no estúdio para fazer o ensaio fotográfico a sensação foi de um total bem estar, uma familiaridade. Em nenhum momento me senti intimidada, com medo ou vergonha. Estava em casa!!!

Adorei ser penteada, maquiada, vestida. Eu voltava a ser o centro das atenções que eu tanto amava quando criança. Mas, o cair da ficha aconteceu mesmo quando eu comecei a ser fotografada. Na hora dos flashes da máquina fotográfica, iam aparecendo, surgindo do fundo da minha alma, as imagens daquela menina nas passarelas.

Que sensação de alegria eu senti!! Uma total intimidade com o olho da câmera. Claro que eu não sabia nada sobre as poses.. dei trabalho à fotógrafa. Mas o ensaio ficou lindo e eu mal acreditava quando a fotografa falava, "nossa, como você é fotogênica"! 

A menina sim, era e se achava bonita e fotogênica. Depois da adolescente em diante, nunca me achei bonita nem fotogênica. Devo essa transformação à terapia.

 Ali, sentada na frente da câmera, sendo inundada pela luz daquele flash, eu ia me recordando da menina, deixando ela ser feliz e me curando de tantas feridas que me levaram a fazer tantas escolhas erradas, gerando sofrimentos intensos, confusões, relacionamentos abusivos, etc.

Melhor nem lembrar! 

Agora é um novo tempo. Sou modelo comercial em começo de carreira. Aos 57 anos estou fazendo o que eu queria fazer aos 9 anos de idade. Que sorte, que benção poder me fazer feliz!!

Então, Sou Yara Campos, modelo, 57 anos, VIVENDO EM VOZ ALTA












ACEITAÇÃO DO CORPO MADURO

                                             Oi queridos leitores. Como vocês  já devem ter percebido minha causa é a aceitação da mulher ma...